Aos 35, diria que estou escolada em encarar funerais. Não que isso seja uma grande vantagem em minha vida, talvez preferisse estar no time dos que não sabem o que fazer diante da notícia da morte.
Mas, receber os parabéns em um velório me pareceu meio estranho. O fim da vida estava bem ali, diante de meus olhos, enquanto eu tentava organizar em minha cabeça, o quanto ainda me falta viver. Pensei na longa existência que foram os 93 anos da dona Lola, avó do Fernando e vi a vida seguindo seu curso normal.
Tratei logo de ser prática. Escrevi algumas frases para as coroas de flores. Ajudei a organizar um chá e um café e quem pudesse ficar com as minhas crianças e as das minhas cunhadas. Abracei meu marido com amor sem fim. Sorri ao receber parabéns, agradeci aos que me desejaram pêsames e passei meu aniversário com uma serenidade bem balzaquiana.
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